sexta-feira, 12 de junho de 2015

O (novo) Museu dos Coches



O antigo e o novo Museu dos Coches


Espero que todos tenham tido a excelente oportunidade de visitar aquele que, até final de Maio deste ano, foi o Museu dos Coches. Um antigo picadeiro real que, pela mão da Rainha D. Amélia, foi transformado em museu e aberto ao público.
Este é um edifício clássico, com uma fachada esteticamente elegante, que dava vontade de entrar e ver se o seu interior era tão ou mais impressionante do que o exterior. Era resplandecente, tendo em conta o seu uso inicial, pois todos os detalhes eram importantes e feitos com apreço, num tempo em que uma simples moldura era por si só uma obra de arte. Quando lá fui, apesar de tudo isso, considerei realmente que o espaço era reduzido para a quantidade de peças que faziam parte do espólio em exposição. Seria impensável retirar algum dos exemplares, pois todos eles são património que conta a nossa História e tornaram fisicamente possíveis alianças entre Portugal e outros países. Numa parte do museu, havia vários exemplares que tinham de estar muito próximos devido à falta de espaço, resultando numa dificuldade de o público poder analisar estes coches com mais detalhe e apenas podendo ler a placa identificativa correspondente. 

No andar de cima, desfilávamos ao longo do corredor cujo parapeito era todo decorado e trabalhado e as paredes ornamentadas com quadros de figuras reais, que personificam a História transportada pelos coches que podem ver agora em perspectiva. Corredor este em que, muitos anos antes, pessoas ilustres assistiam a práticas equestres. Este é o ambiente em que os coches se enquadram na perfeição, em que sentimos, consciente ou inconscientemente, que tudo faz sentido pela aura história que encerra. 

Assim sendo e atendendo aos aspectos negativos deste museu já referidos, não pareciam razão suficiente para o investimento de 40 milhões de euros na construção de um novo espaço para os coches, sobretudo devido à situação financeira do País, e ainda para mais a passagem um edifício cuja arquitectura moderna e norte-europeia não combina com a temática do museu.

Decidi, por isso, ir ver este novo Museu dos Coches, situado apenas a alguns metros de distância do antigo. Deparei-me então com uma dificuldade: encontrar a entrada. Todos os lados do edifício são francamente parecidos e têm portas. Resolvi, assim, tentar o lado para onde havia maior número de pessoas a dirigir-se. O novo museu é constituído por dois edifícios ligados por uma ponte. O primeiro é o museu propriamente dito e outro é um auditório. Mas foi quando cheguei à bilheteira que me apercebi de que o antigo museu ainda está aberto e pode ser incluído na visita do novo, se assim desejar.

O passo seguinte foi entrar num elevador grande (que faz lembrar os que são usados para cargas e descargas) e esperar que viessem mais pessoas para justificar o gasto de energia associado à subida. Perguntei ao encarregado se havia escadas, ao que me respondeu afirmativamente. No entanto, afastei solidariamente essa ideia pois, ao sair, iria impor um maior tempo de espera aos outros visitantes.

A exposição encontra-se no primeiro andar e, assim que entrei, senti um vazio. Além de o espaço ser agora demasiado grande, a sensação que transmite é apenas a de uma arrecadação que contém uma série de objectos de valor catalogados, que podem vir um dia a ser necessários para uma qualquer eventualidade. Mais especificamente, lembra um armazém de uma fábrica, com as suas paredes brancas e nuas, com um tecto constituído de luzes e barras de ferro quadriculadas. Uma visão destas impede a psicológica viagem no tempo que se fazia ao entrar no museu antigo. Porque os coches faziam parte de um tempo em que a arquitectura representava uma arte e uma dedicação inigualáveis, onde se via o orgulho no País que representava. Seria o equivalente a pôr uma família do século XVIII a viver num apartamento do Parque das Nações. 

Devo, no entanto, dizer que o espaço foi bem aproveitado e que cabem todos os coches neste primeiro andar de forma desimpedida, tal que é possível ao público analisar todos os exemplares com detalhe. Digo mais ainda: os coches estão bem organizados tematicamente e separados por faixas. No início de cada faixa, encontra-se uma placa explicativa do tema a que cada conjunto pertence. Tem desde caleches eclesiásticas, a coches reais, modificações ao longo do tempo e a secção das crianças.

O museu tem ainda um segundo andar, acessível através de escadas, as quais parecem inacabadas. Todo o edifício é branco e isso, por si só, já é motivo para se ter essa noção, mas nesta parte em específico, a pintura não foi aplicada por igual. Uma vez lá em cima, deparamo-nos com mais paredes brancas e nuas. Faltam os ditos quadros que estavam no museu antigo e foi aí que percebi o porquê de esse estar ainda aberto. Existe o novo mas não nos conseguimos desligar do antigo. Não entendi a necessidade deste segundo piso porque não se conseguem ver bem os coches. O parapeito parece estar feito para estrangeiros com mais de um metro e oitenta e, portanto, não oferece a possibilidade de ver a exposição em perspectiva. Chegou, assim, ao fim da visita. Saí e tive a necessidade de olhar para o antigo picadeiro real. O que será que pretendem fazer dele? Continua apenas a servir para ostentar quadros reais ou será usado para outra finalidade? Talvez um dia tenha a resposta.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Acha que está LinkedIn?



Este é o último artigo da rubrica das dicas para usar as redes sociais como ferramentas na procura eficiente de emprego. E guardei para o fim o melhor o recurso disponível na Internet: a rede do LinkedIn. 

Já uso o LinkedIn há vários anos. Ou melhor, quando o criei, passava tempos sem ir à minha conta. Portanto, era utilizadora, mas não tirava partido quase nenhum das suas potencialidades, o que pode ser explicado por dois factores: ainda não havia muitos usuários (ao contrário do Facebook) e estava a tirar a licenciatura, o que me fazia não pensar pragmaticamente na parte profissional. Com o passar dos semestres, isso foi mudando e comecei gradualmente a entrar em contacto com esta rede social, que tinha agora maior dimensão. 

No fundo, o LinkedIn é muito parecido com o Facebook, embora o objectivo da socialização seja para fins profissionais. Criarmos uma rede de conexões (e não amigos) que nos abram portas para os caminhos profissionais que procuramos. Toda a rede está feita para que nos possamos mostrar às outras pessoas como um cartão de visita profissional. Mas claro que, para esse efeito, há que saber usar a rede e criar um perfil forte que cause impacto. E é para vos ajudar nesta questão que escrevo este artigo. Passo então às célebres dicas.

1. Criar um "perfil campeão"

O que significa isso? Bom, a resposta até é intuitiva: ter um perfil que nos permita chegar onde queremos. Como se consegue isso? Essa, sim, é a pergunta-chave e tem uma resposta bastante acessível, mas é importante que não se esqueça de nenhuma das componentes. 

Em primeiro lugar, ponha uma foto que seja profissional, se possível. Evite aquelas em que está na praia ou no café com amigos. Convém que seja uma foto que mostre que é uma pessoa que entrou na rede motivada e que tem objectivos. Pode ser de fato ou mais à vontade e deve ter o tamanho tipo passe. Não tenha medo de sorrir, porque o objectivo é passar uma imagem profissional e bem-disposta, onde não há lugar para "caras de enterro". Vários estudos já demonstraram que perfis sem foto causam alguma desconfiança tanto para utilizadores individuais como potenciais empresas recrutadoras. Por outro lado, o sorriso cria instantaneamente uma carga maior emocional e simpatia para com a pessoa.

Em segundo lugar, deve preencher todos os campos que existem: escolas, universidades, cursos, mestrados, voluntariados, projectos, tudo com data de início e fim (a não ser que se mantenha actualmente). O próprio sistema contabiliza o tempo que passou em cada um dos itens automaticamente a partir das datas que introduz. Se for benéfico, pode também pôr as classificações que obteve e carregar vários documentos que fundamentam o que alegou no perfil (desde o CV, a todos os certificados e declarações que tenha). 

Escolha a língua em que pretende construir o seu perfil. Aqui a escolha pode passar pelos seus objectivos: se pretende trabalhar numa PME portuguesa ou numa multinacional, que, embora portuguesa, normalmente pede o CV em inglês.

Último conselho relativamente ao perfil: não deixe a caixa do resumo em branco. É um erro fatal que várias pessoas cometem, porque se esquecem que um perfil de LinkedIn é relativamente parecido com um livro - o interesse ganha-se ou perde-se nos primeiros 5 segundos com a sinopse ou prefácio. Se essa parte nem sequer existir, o livro tem tanta informação que nem vamos perder tempo a analisar. A nossa página nesta rede social funciona da mesma forma, por isso, o resumo deve incluir um ou dois parágrafos em que fala um pouco de si, da sua formação, experiência e objectivos profissionais.

2. Crie a sua rede de contactos

Crie uma rede de contactos à sua medida. E, quando digo à sua medida, não estou a falar necessária e exclusivamente nos seus amigos. Pense primeiro nas áreas que lhe interessam e procure, numa primeira fase, pessoas que conhece e que têm essa formação ou trabalham nesses sectores e peça para se conectar. Posteriormente, pode procurar pessoas que ainda não conhece mas tem ideia de que serão interessantes para si e envie-lhes um pedido de conexão com uma mensagem pessoal e simpática em que se apresenta e explica a razão do seu interesse. Isso pode acontecer também nos casos em que quer entrar em contacto, por exemplo, com um utilizador que tenha publicado uma vaga de emprego que lhe interesse. Mostra determinação e proactividade da sua parte e fica sempre bem para o recrutador.

3. Siga empresas-alvo

Uma vez chegado até aqui, já tem uma ideia mais definida de como pretende traçar a sua carreira, independentemente se já é um profissional com experiência e sente a necessidade de um novo desafio ou se acabou de sair da universidade e está à procura do primeiro emprego.Assim sendo, explore as empresas que lhe interessam. Quase todas têm uma página no LinkedIn e só tem de as encontrar, segui-las e voltar lá periodicamente para ver as novidades e vagas que apareçam.

4. Seja activo

Partilhe o seu blog, os seus artigos, ideias que tenha com as suas conexões. Veja o que tem acontecido e comente, goste e partilhe publicações de outras pessoas que tenham interesse para si.

Uma boa forma de ser participativo e haver interacção é procurar grupos sobre temas relevantes e aderir. Pode iniciar debates, participar num que esteja activo e dar a conhecer as suas capacidades e o seu trabalho. Como vantagem secundária, poderá também alargar a sua rede de conexões que partilham gostos e interesses.

5. Encontre as vagas que procura

Todos os dias são publicadas várias vagas de emprego. Pelo seu perfil, escolha de interesses, localidade e empresas que segue, o próprio LinkedIn faz uma triagem de todos na rede e apresenta-lhe uma série de oportunidades no separador "Empregos". Pode também fazer uma busca personalizada no mesmo separador se tiver um sector em específico sobre o qual queira ter mais resultados.

Pode visualizar todas as vagas que desejar, guardar as que lhe interessam para mais tarde analisar com mais cuidado e candidatar-se. Há três formas de se candidatar a um emprego: pode fazê-lo directamente pelo LinkedIn, enviando automaticamente o seu perfil e no formulário que aparece pode anexar o seu currículo e pôr o seu número de telemóvel; pode clicar no link que o direciona para o formulário da empresa; ou pode ainda, se for disponibilizado o endereço electrónico, enviar um e-mail com a sua candidatura, respeitando as indicações patentes no anúncio (se existirem).

Por agora é tudo. Espero que estes conselhos sejam úteis e votos de muito sucesso!